MAUS TRATOS E INDICATIVOS DE DEPRESSÃO EM PESSOAS IDOSAS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE DE RECIFE/PE: UMA POSSÍVEL RELAÇÃO

Sammya Barreto Lourenço, Mírian Brito Dias, Cirlene Sales Silva

Resumo


Introdução: este artigo é um recorte da pesquisa multicêntrica em Rede Internacional, intitulada Vulnerabilidade e condições sociais e de saúde da pessoa idosa na Atenção Primária e Instituições de Longa Permanência: estudo comparativo no Brasil, Portugal e Espanha. Objetivou analisar a relação entre maus-tratos e indicativos de Depressão em pessoas idosas atendidas na Atenção Primária em Recife/PE. Métodos: de natureza quantitativa, transversal, analítico, descritivo e correlacional. Participantes: 130 pessoas acima de 60 anos, independente de gênero, grau de escolaridade, profissão, estado civil, religião e classe social. Coleta de dados: realizada por meio de um questionário biosociodemográfico, a Escala de Depressão Geriátrica (GDS 15) e o H-S/EAST para verificar o risco dos participantes para situações que envolvam violência. Análise de dados: estes foram tabulados e analisados no software IBM SPSS Statistics. Resultados: a maioria dos participantes tinham idades variando de 60 a 80 anos. A maior parte do sexo feminino, de cor autodeclarada parda, casadas, católicas, com nível de escolaridade fundamental, aposentadas e com renda de até dois salários-mínimos. A prevalência de maus tratos foi de nenhum relato (55,7%), seguido de apenas um (31,9%) e dois (8,1%) relatos no último ano. Em referência à depressão, 82,3% dos participantes estavam dentro da normalidade. Em segundo, ficou o corte de depressão leve, com 14,6% e por último o corte de depressão severa com 3,0% de incidência. Conclusão: há relação significativa entre maus tratos e os sintomas depressivos, portanto, se evidencia a presença da violência como fator de risco para a depressão. Palavras-chave: Envelhecimento; Atenção Primária à Saúde; Abuso de idosos; Depressão.


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DOI: http://dx.doi.org/10.60468/r.riase.2024.10(3).725.74-90

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