A INTERVENÇÃO DA ENFERMAGEM ESPECIALIZADA NA GESTÃO DA DOR NA PESSOA INCONSCIENTE EM SITUAÇÃO CRÍTICA:Scoping Review

Ana Margarida Rocha, Adriano Pedro

Resumo


Enquadramento: Desde 2003, a Direção-Geral da Saúde reconhece a dor como o quinto sinal vital. Esta é considerada uma experiência complexa e multifacetada, sendo um dos principais motivos da procura de cuidados de saúde, tornando-se muitas vezes incapacitante, devendo por isso ser abordada de forma holística e abrangente. O controlo da dor é um dever ético dos profissionais de saúde, um direito das pessoas e uma intervenção essencial para humanizar os cuidados de saúde. A avaliação e o registo da intensidade da dor são considerados uma boa prática e devem ser realizadas em todos os serviços prestadores de cuidados de saúde.  Ao reconhecer a dor, tornamo-la visível, não podendo ser ignorada e exigindo a aplicação de estratégias para a sua gestão. Objetivos: Conhecer os instrumentos de avaliação na gestão da dor à pessoa inconsciente em situação crítica. Metodologia: Foi realizada uma scoping review, baseada nos critérios do Joanna Briggs Institute por forma a responder à pergunta PCC “Quais os principais instrumentos de avaliação (C) na gestão da dor (C) na pessoa inconsciente em situação crítica (P)?”. A pesquisa foi realizada nas bases de dados CINHAL, Academic Search Complete, e Medline via EBSCOhost, com recurso aos seguintes descritores e operadores booleanos: pain management AND unconscious critical patient AND nursing care. NOT pediatrics NOT infant NOT children. Pesquisou-se com uma janela temporal entre 2020 e 2024, com texto integral disponível, revisto por pares, em português e inglês. De um total de 749 artigos iniciais, após aplicação dos critérios de inclusão obteve-se um total de 737 artigos. Após leitura dos títulos e/ou resumo dos mesmos resultaram 10 para leitura integral, dos quais restaram 9 para estudo. Resultados: A dor associada a procedimentos é comum em adultos em situação crítica e a analgesia preventiva é aconselhada. A BPS e CPOT são as escalas de monitorização mais válidas para aplicação em doentes críticos inconscientes e nos quais as funções motoras estão intactas, sendo a sua aplicação fácil após um curto treino.  Os estudos demonstram a importância do enfermeiro na avaliação precoce e adequada da dor na pessoa inconsciente com recursos às novas tecnologias e escalas por forma a reduzir a ocorrência de situações de défice ou excesso de sedo-analgesia. Conclusão: A gestão da dor requer uma monitorização e avaliação da mesma, por profissionais com conhecimento específico na área, tendo o enfermeiro uma intervenção fulcral nessa gestão. A evidência aponta para a necessidade de desenvolvimento de estudos mais profundos e com população de maiores dimensões, sobre a eficácia da monitorização da nocicepção, em comparação com a monitorização-padrão, para que o seu uso sistemático seja sustentado na prática clínica. O estudo permitiu-me reconhecer e comparar algumas das escalas utilizadas na avaliação da dor e a sua pertinência de utilização consoante o estado clínico dos doentes. Palavras-Chave: Manejo da Dor; Cuidados Críticos; Cuidados de Enfermagem;
Enfermeiros Especialistas


Texto Completo:

PDF PDF (English)

Referências


Giusti, G., Reitano, B., & Gili, A. (2018). Pain assessment in the emergency department. Correlation between pain rated by the patient and by the nurse. an observational study. Acta Biomedica, 89, 64–70. https://doi.org/10.23750/abm.v89i4-S.7055

Raja, Srinivasa N.; Carr, Daniel B.; Cohen, Miltonc; Finnerup, Nanna B.; Flor, Herta; Gibson, Stepheng; Keefe, Francis J.h; Mogil, Jeffrey S.i; Ringkamp, Matthiasj; Sluka, Kathleen A.k; Song, Xue-Junl; Stevens, Bonniem; Sullivan, Mark D.n; Tutelman, Perri R.o; Ushida, Takahirop; Vader, Kyle, (2020). The revised International Association for the Study of Pain definition of pain: concepts, challenges, and compromises. PAIN 161(9): p1976-1982.| DOI: 10.1097/j.pain.0000000000001939

Joshi, G., & Ogunnaike, B. (2005). Consequences of Inadequate Postoperative Pain Relief and Chronic Persistent Postoperative Pain. Anesthesiology Clinics of North America, 23(1), 21–36. https://doi.org/10.1016/j.atc.2004.11.013;

Sociedade Portuguesa Cuidados Intensivos, (2010). Plano Nacional da Avaliação da Dor, Resultados. https://www.spci.pt/media/documentos/15827260875e567bc79f633.pdf

Ordem dos Enfermeiros (2018). Regulamento das competências específicas do enfermeiro especialista. Regulamento n. º 429/2018. Diário da República, 2.ª série — N.º 135 — 16 de julho de 2018, p. 19356-19366. https://dre.pt/dre/detalhe/regulamento/140-2019-119236195

Pires, M., Pedrosa, M., Marques, M. (2021). Gestão da dor aguda no doente crítico. Universidade de Évora. https://dspace.uevora.pt/rdpc/bitstream/10174/34686/1/11%20abril-Dor%202021.pdf

Scopel, E., Alencar, M., & Cruz, R. (2007). Medidas de Avaliação da Dor. Revista Digital. https://www.efdeportes.com/efd105/medidas-de-avaliacao-da-dor.htm

Karcioglu, O., Topacoglu, H., Dikme, O., & Dikme, O. (2018). A systematic review of the pain scales in adults: Which to use?. The American journal of emergency medicine, 36(4), 707–714. https://doi.org/10.1016/j.ajem.2018.01.008

Salvador, P. T. C. de O., Alves, K. Y. A., Costa, T. D. da, Lopes, R. H., Oliveira, L. V. e, & Rodrigues, C. C. F. M. (2021). Contribuições da scoping review na produção da área da saúde: reflexões e perspetivas. Revista Enfermagem Digital Cuidado e Promoção Da Saúde, (6) 1-8. https://doi.org/10.5935/2446-5682.20210058

Aromataris, E., & Munn, Z. (2020). JBI Manual for Evidence Synthesis. Joanna Briggs Institute. https://doi.org/10.46658/JBIMES-20-01.

L. Scozzo, A. Viti, L. Tritapepe, A. Mannocci. (2022). Changes in vital signs before, during and after bed bathing in the critical ill patient: an observational study. Clínica Ter 173 (5):414-421 doi: 10.7417/ CT.2022.2456

Francesco Riganello, Paolo Tonin and Andrea Soddu (2023). I Feel! Therefore, I Am from Pain to Consciousness in DOC patients. International Journal of Molecular Sciences .2023, p24, 11825. https:/doi.otg/10.3390/ijms241411825

Hanne Cathrine Birkedal Marie Hamilton Larsen Simen A. Steindal Marianne Trygg Solberg (2020). Comparison of two behavioural pain scales for the assessment of procedural pain: A systematic review. NursingOpen pp 2050-2060. DOI 10.1002/nop2.714

Ali Sarfraz Siddiqui, Aliya Ahmed, Azhar Rehman and Gauhar Afshan. (2023). Pain assessment in intensive care units of a low-middle income country: impact of the basic educational course. Siddiqui et al. BMC Medical Education https://doi.org/10.1186/s12909-023-04523-7

KatarzynaWojnar-Gruszka, Aurelia Sega, Lucyna Płaszewska-Zywko, Stanisław Wojtan, Marcelina Potocka and Maria Kózka (2022). Pain Assessment with the BPS and CCPOT Behavioral Pain Scales in Mechanically Ventilated Patients Requiring Analgesia and Sedation. International Journal of Environmental Research and Public Health 2022. p19, 10894. https://doi.org/10.3390/ijerph191710894

Denise Waterfield and Susan Barnason (2021). Use of PADIS Assessment Tools by Critical Care Nurses: An Integrative Review. Western Journal of Nursing Research 2021, Vol. 43(9) pp 843–858 DOI: 10.1177/0193945920973025.

Rita Marques, Filipa Araújo, Marisa Fernandes, José Freitas, Maria Anjos Dixe and Céline Gélinas. (2022) Validation Testing of the European Portuguese Critical-Care Pain Observation Tool. Healthcare,2022.10,1075. https://doi.org/10.3390/healthcare10061075

Yue Zhai, RN, BsN, Shining Cai, RN, MsN, and Yuxia Zhang, RN, FAAN, (2020). The Diagnostic Accuracy of Critical Care Pain Observation Tool (CPOT) in ICU Patients: A Systematic Review and Meta-Analysis. Journal of Pain and Symptom Management. Vol. 60 No. 4 October 2020. https://doi.org/10.1016/j.jpainsymman.2020.06.006

Roghieh Nazari, Erika Sivarjan Froelicher, Hamid Sharif Nia, Fatemeh Hajihosseini, Noushin Mousazadeh. (2022). Diagnostic Values of the Critical Care Pain Observation Tool and the Behavioral Pain Scale for Pain Assessment amongUnconscious Patients: A Comparative Study. Indian Journal of Critical Care Medicine (2022): 10.5005/jp-journals-10071-24154.

Wang, J.; Peng, Z.Y.; Zhou,W.H.; Hu, B.; Rao, X.; Li, J.G. A national multicenter survey on management of pain, agitation and delirium in intensive care units in China. Chin. Med. J. 2017, 130, 1182–1188.

Frandsen, J.; O’Reilly, P.K.; Laerkner, E.; Stroem, T. Validation of the Danish version of the Critical Care Pain Observation Tool. Acta Anaesthesiol. Scand 2016, 60, 1314–1322.

Damström, D.N.; Saboonchi, F.; Sackey, P.V.; Björling, G. A preliminary validation of the Swedish version of the critical-care pain observation tool in adults. Acta Anaesthesiol. Scand. 2011, 55, 379–386.

Gélinas C, Joffe AM, Szumita PM, et al. A psychometric analysis update of behavioral pain assessment tools for noncommunicative, critically ill adults. AACN Adv Crit Care 2019;30(4):365–387. DOI: 10.4037/aacnacc2019952.




DOI: http://dx.doi.org/10.60468/r.riase.2025.11(1).700.6-15

Apontamentos

  • Não há apontamentos.